quinta-feira, 24 de julho de 2008

mob - can't see (2004)

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quarta-feira, 23 de julho de 2008

MX: MUITO OBRIGADA pelos «mais umaaa». E por seres um "amigo para sempre". mob - just registered (2004)


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Amor unilateral por correspondência in deed

Fui a tua casa e disse-te «como vieste embora sem te despedires de mim, vim despedir-me de ti». E dei-te um beijo. O BEIJO que há muito te quero dar. E vim embora. Claro que isto foi tudo só uma ideia. Como da última vez que saiste da Espontânea e disseste «Até já». No meu mundo paralelo idealizado, teria sido um até já verdadeiro: ou estás lá fora à minha espera, ou ligas-me a pedir que vá ter contigo, ou vens ter comigo ou eu apareço em tua casa naturalmente, (sou sempre eu que vou a tua casa) pois sei que estás à minha espera. E ficas feliz por eu estar ali. E passamos a noite a conversar, eu deitada no teu colo, tu a dares-me o carinho que eu quero receber, especificamente de ti. E vice-versa. Tu no meu colo, eu a mimar-te.
Noutro mundo paralelo, não idealizado por mim, (já que estou inconsciente, a dormir) começaste a fazer parte da minha vida, muito antes de eu saber que queria que assim fosse. E amamo-nos.
Filmes à parte, no mundo de origem, o supostamente real, gosto de ti de um modo que nunca gostei de ninguém. E isso surpreende-me. Todos os dias.
Quem decide o que é real?

terça-feira, 22 de julho de 2008

Cristina:


Morreste. Assim. De chofre. Sempre fui contra o «culto dos mortos»... Até perceber que o que nos faz voltar, a homenagem que presto aqui, hoje e sempre, em qualquer outro lugar, é à parte de ti que continua viva em tanta gente, em mim, na Natureza, na memória do Universo.Só descobrimos a Verdade da Vida, quando perdemos alguém que amamos. Agora sei que só a morte separa, só a morte faz perder. Por vezes, nem a morte. Estava tão errada em tudo... Está tudo tão errado!!! E esta sofreguidão de querer transmitir, de querer mostrar ao mundo que a essência da felicidade é DAR VALOR ao que temos, não me deixa conformar com o facto de ninguém querer OUVIR.
Foi preciso ver tão de perto o sofrimento, para saber que nunca tinha sofrido. Foi preciso ensinares-me desta maneira ingrata, tudo o que eu nunca quisera aprender. Cresci muito com a tua morte, mas quem disse que eu queria crescer? E se agora estivesses aqui podias ensinar-me ainda mais. E tão melhor. E o que faço com o que aprendi? Ensino? Ninguém se importa. E para quê censurá-los se, até te perder, também eu andava alienada?
Ensinaste-me a viver. Mas com a tua morte? E sem me dares tempo de te agradecer, sem me deixares ter tempo de aprender a ser um pouquinho como tu.
Naquela dorida manhã de Junho ouvi da minha mãe uma agonia desconhecida, mas imediatamente identificada. Tentei, instantaneamente, dar alguma lógica ao que ela não dissera ainda, pensando nos elementos mais idosos da família. Quando ouvi o teu nome... Não adianta tentar pôr em palavras o indizível. Como é que foste morrer assim? Eu sei, desculpa. Também não percebes, nem te conformas porque lutaste, como sempre e em tudo, lutaste até ao fim. Morreste por algo que amavas e tentavas salvar e talvez nunca ninguém te recompense por isso. As nuvens choraram, toda a Natureza gritou e sofreu connosco, não por nos teres abandonado, mas porque, todos sabemos, de nós foste arrancada. Logo a ti, que a sentias como nunca irão sequer entender esse sentir. A ti, que vivias tão em harmonia, que nem tinhas de pensar para que fosse assim. Não percebo porque te levaram a ti, que lutavas para que o mundo ficasse como no princípio; perfeito e livre. Foste única nessa luta, não entendo porque tinhas de ser tu.
Os que te conheciam melhor, ou os que seguiram mais a tua vontade do que os próprios sentimentos, tentaram não trazer muitas flores. Houve um raminho de trepadeira, um carvalho bebé, eu devolvi-te as flores secas que colhemos, há um ano, no Alentejo. O Pedro apanhou umas florinhas do chão e devolveu-tas, juntamente com o Guia de Aves. Explicou aos nossos sobrinhos que Deus precisou de alguém como tu no Céu, para o ajudar a tomar conta dos passarinhos: e não há ninguém como tu, além de que, estarás mais perto. Assim, não te mandou os binóculos. Deu-mos a mim, mas não me servem de muito: tenho tentado todos os dias, mas ainda não consegui ver-te aí em cima.
O meu pai acha que Deus quis poupar-te o sofrimento de veres tudo aquilo que amavas ser destruído. Eu prefiro acreditar em todos eles e no meu velho e eterno sonho de que um dia estaremos todos juntos de novo.
Ainda na tarde do teu funeral, plantámos o carvalho no jardim. Foi como se te tivesse visto renascer, ou reviver, naquela plantinha. Foi como se, por momentos, todos estivéssemos a renascer, pela tranquilidade que é ajudar algo a viver. E eu sei, como todos souberam, que estavas ali a sorrir, como estarás sempre em tudo de bom que fizermos. E eu já não dava comigo a pontapear a injustiça, desesperada com ela. Senti-me súbita e estupidamente calma, no meio dos que cavavam um pouco mais a terra, parecendo procurar alguma coisa além de suporte para as frágeis raízes.
E ali ficámos não sei por quanto tempo, respeitosamente silenciosos, à espera. De te não abandonar.
Vim tentar, uma vez mais despedir-me de ti, mas acho que só vou conseguir receber-te todos os dias. Sabes que nunca tinha visto um pôr-do-sol, que queria fazê-lo numa ocasião especial, com alguém que me amasse… Sei agora que esse alguém sou eu e que nunca vai haver momento mais especial do que este, em que escrevo para alguém que me queria ouvir, alguém que compreende cada sentimento transbordado. Para ti, que ouves palavras não ditas e lês papéis em branco. Alguém que simplesmente sente. És um ser esquisito que me assusta quando penso como és – tão perfeita – agora és o meu anjo da guarda. Voltarei mais vezes para falar contigo, para vir ter comigo e nunca te esquecerei. E neste momento vejo, com uma clareza nunca antes atingida, o som do teu riso, da tua voz e sinto, com uma força que tudo domina, o teu olhar, o teu carinho. Ouço, mais nítidas que estas lágrimas que gritam por ti, as vozes das ondas, das gaivotas e da areia onde estendias somente o teu corpo, para a sentires melhor… e o sol e a lua e a tua ria e as árvores e os bichinhos e o céu, que me dizem que estás ainda aqui a tomar conta de nós. E olho a tua pureza e afasto-me, com medo de sonhar outra vez. E vejo o teu sorriso terno, mas não sei o que me queres dizer… Até um dia…

Marta Tavares, 1998

segunda-feira, 21 de julho de 2008

diVagando - excertos

A casa da Rita é no Bairro Alto, a Lisboa dos pequeninos. Fachada azul-cueca, de outro modo não a encontrávamos, agradavelmente perdidas pelas ruelas onde cada porta convida a entrar. Degraus onde só cabe meio pé (embora as vizinhas, de tão adaptadas ao seu habitat de sempre, consigam arranjar espaço para se sentar, em animada conversa vespertina) conduzem ao nosso retiro. E todos os visitantes têm a oportunidade, quase nunca desperdiçada, de contactar bem de perto com o candeeiro da sala, como se estivesse no meio desta, ao invés de se cingir ao centro do tecto. Mas é neste aconchego, que encontramos, finalmente, todo o espaço que faltava.
Somos recebidas com abraços de música, – que sempre caminhou ao nosso lado – o quarto elemento do nosso bem-estar. A música… Quase me atreveria a dizer que é maior do que o amor. Essa, sim, é incondicional, infinita e eterna. É tão completa, tão global, tão perfeita. Preenche-nos e envolve-nos, simultaneamente. Permite-nos cantar lado a lado com Jeff Buckley, Lane Staley, Freddie Mercury. Porque eles continuam vivos por ela. Vale a pena a vida eterna, nem que seja para ouvir, aprender, criar, viver música. Mas a música não é maior que o amor. Ela consegue é abarcar, como a este, todos os sentimentos, transmitindo-os e mesmo transformando-se neles. Como arte que é.
E ali estávamos as três, ouvindo-nos em silêncio. A liberdade do silêncio confortável. Sem explicações. Os sentimentos são tudo e apenas o que importa. Grande parte das vezes, as acções acabam por ser meras interferências, na transmissão do que sentimos. Num mundo pessimista, em que a máxima «de boas intenções está o inferno cheio» prova a desconfiança geral, eu estou certa de que só as intenções é que contam mas, sendo difícil alcançá-las, o desinteresse humano fica-se pelo resultado, pela aparência. Mas os sentimentos não se vasculham, não se violam. São tão poderosos, que descrevê-los é retirar-lhes valor. Não estão certos nem errados: a mera existência dá-lhes significado. Fora assim com as pessoas, o mundo poderia ser justo.

Marta Tavares, 2000

sábado, 19 de julho de 2008

Sr. Scott Weiland, faço minhas as suas palavras (Stone Temple Pilots)

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diVagando - excertos

Fujo, outra vez mais, de Vila Real e de tudo o que lá me assusta. Parto com a mesma pressa, que nos últimos tempos me tem feito querer chegar. E pelo mesmo motivo. A mesma ansiedade, a mesma ingenuidade, disfarçada de pensamento positivo, de um «Calma, vai correr tudo bem». Sigo em direcção à paz, sentido sul. Descer. Para subir. Para nunca mais cair. Lembra-me "Ornatos". Um mesmo estado de espírito? Um outro espírito que vai, pouco a pouco, deixando também de estar? Esvaindo-se na fumaça de não ser ou de não saber quem se é ou de, no fundo, saber e amaldiçoar ter-se esse fundo… "Eu abro a dor de ser quem sou, de tudo amar". Hei-de fazer as pazes comigo.

Marta Tavares, 1999

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Outra Nuvem; desta feita, a dos Ornatos Violeta

" Vi do meu quarto a nuvem mãe
Em negra carga a par do fim
Vibrou no vidro até se ouvir
Eu abro a dor de ser quem sou
De tudo amar
Vai p'ra casa esquece a rua
Que eu vi
Hoje o tempo vai mudar

Eu já trinquei a maça
Deixei-me olhar a fundo
Mas eu acordo a cada dia"

Nuvem


Quero pintar os teus sonhos numa tela
E deixá-la inacabada para lhe juntares os meus...
Mergulhar nessa aguarela e não pensar em mais nada.
Quero ver-me através de ti, aprender a olhar assim.
Dás-me um corpo sempre que deixo o meu
E passo a viver aí, esqueço o mundo fora de nós.
Dás-me abrigo onde posso ser eu.
Faz-me voar p'ra onde o tempo não passa;
Viajar...
Faz-me sentir mais além...
Mas deixa-me levar-te num cantinho desta nuvem.

Marta Tavares, 2000